Concurso EBSERH – Trabalho em Equipe

Escrito Por: Tatiani Carvalho Publicado em: Editais Publicados Data de Criação: 16/12/2019 Acessos: 1489 Comentários: 0

O tão esperado edital do Concurso EBSERH foi publicado e como já era aguardado os assuntos referentes aos Sistemas de Saúde, foram amplamente cobrados no edital.

Portanto, pensando em como ajudar aos nossos alunos, na preparação, preparamos um material completo sobre o trabalho em equipe na área da saúde, então aproveite.

TRABALHO EM EQUIPE MULTIPROFISSIONAL E INTERDISCIPLINARIDADE PARA O CONCURSO EBSERH

A equipe multiprofissional é hoje uma realidade incontestável e necessária em todos os espaços onde se praticam ações, portanto essas devem contribuir para melhorar a qualidade de saúde e de vida das populações. A saber a questão é como fazer a equipe multiprofissional funcionar de modo homogêneo, democrático, agregador e cooperativo. Conforme o Portal Educação:

A verdadeira discussão diz respeito ao fato dos profissionais de saúde, não apenas os médicos, nem apenas os que trabalham inseridos diretamente na assistência. Mas todos os que labutam na produção de serviços de saúde, reaprenderem o trabalho a partir de dinâmicas relacionais, ou seja, somando entre si os diversos conhecimentos.

Vincula-se inclusive a determinação de uma relação nova, que foge ao padrão tradicional, onde um é sujeito no processo e o outro, ou seja, objeto sobre o qual há uma intervenção para melhora da sua saúde.

Portanto nova relação tem que se dar a entender sujeitos, onde tanto o profissional quanto o usuário podem ser produtores de saúde. (FRANCO; MERHY, 2000)

O processo saúde/doença

Visto que as necessidades de saúde expressam múltiplas dimensões – social, psicológica, biológica e cultural, e que o conhecimento e as intervenções acerca desse objeto complexo – o processo saúde/doença – constituem um intenso processo de especialização, a nenhum agente isolado cabe na atualidade, além da possibilidade de realizar a totalidade das ações de saúde demandadas, seja por cada um dos usuários em particular, seja pelo coletivo de usuários de um serviço.

No entanto, a implantação do PSF por si só não garante a modificação do modelo assistencial médico-centrado.

Esta depende da mudança na forma de se produzir o cuidado, assim como dos diversos modos de agir dos profissionais entre si e com os usuários.

O campo do “cuidado” e a interação abrem a possibilidade de cada um usar todo o seu potencial criativo e criador na relação com o usuário, além disso para juntos realizarem a produção do cuidado. Portanto, a mudança assistencial dar-se-ia a partir da reorganização do processo de trabalho estruturado na ação multiprofissional.

OBJETIVO DO TRABALHO EM EQUIPE

O trabalho em equipe tem como objetivo a obtenção de impactos sobre os diferentes fatores que interferem no processo saúde-doença. A ação interdisciplinar pressupõe a possibilidade da prática de um profissional se reconstruir na prática do outro, ou seja, e ambos serem transformados para a intervenção na realidade em que estão inseridos.

A expressão multidimensional das necessidades de saúde, sejam elas individuais ou coletivas, o conhecimento sobre o complexo objeto e as intervenções no processo saúde/doença de indivíduos e/ou grupos.

Por isso, requerem múltiplos sujeitos para darem conta da totalidade das ações, demandando a recomposição dos trabalhos especializados, com vistas à assistência integral.

Portanto, reafirmamos que a mera alocação de recursos humanos de diferentes áreas não garante tal recomposição; ações isoladas, ações justapostas, sem articulação; não permitem o alcance da eficácia e eficiência dos serviços na atenção à saúde, ou seja, não garantem uma ruptura com a dinâmica médico-centrada; portanto, há necessidade de dispositivos que alterem a dinâmica do trabalho em saúde, nos fazeres do cotidiano de cada profissional.

Sobre o trabalho do outro

Atenção! Com certeza, para o Concurso EBSERH, a banca trará, pelo menos, uma questão sobre este assunto.

Trabalho em equipe, de modo integrado, significa conectar diferentes processos de trabalhos envolvidos, portanto, com base em certo conhecimento acerca do trabalho do outro e valorizando a participação deste na produção de cuidados; é preciso construir consensos quanto aos objetivos e resultados a serem alcançados pelo conjunto dos profissionais, bem como quanto à maneira mais adequada de atingi-los.

Significa, também, utilizar-se da interação entre os agentes envolvidos, com a busca do entendimento e do reconhecimento recíproco de autoridades e saberes e da autonomia técnica.

Assim, a abordagem integral dos indivíduos/famílias é facilitada pela soma de olhares dos distintos profissionais que compõem as equipes interdisciplinares. Em outras palavras, pode-se obter um maior impacto sobre os diferentes fatores que interferem no processo saúde/doença.

Para uma nova estratégia, faz-se necessário um novo profissional.

Se a formação dos profissionais não for transformada no aparelho formador, ou seja, o modelo de atenção também não o será na realidade do dia a dia.

Duas concepções distintas

Diante da diversidade das concepções de trabalho em equipe, a ideia de equipe perpassa duas concepções distintas: a equipe como agrupamento de agentes e a equipe como integração entre relações e práticas. A primeira é caracterizada pela fragmentação das ações e a segunda, portanto, pela construção de possibilidades de recomposição.

Esta última estaria consoante com a proposta da integralidade das ações de saúde e, em outras palavras, a necessidade contemporânea de recomposição dos saberes e trabalhos especializados.

O trabalho em equipe é uma forma eficiente de estruturação, organização e de aproveitamento das habilidades humanas. Possibilita uma visão mais global e coletiva do trabalho, reforça o compartilhamento de tarefas e a necessidade de cooperação para alcançar objetivos comuns. A comunicação em busca de consenso entre os profissionais traduz-se em qualidade na atenção integral às necessidades de saúde da clientela.

Se não houver interação entre os profissionais das equipes de Saúde da Família, corre-se o risco de repetir a prática fragmentada, desumana e centrada no enfoque biológico individual, com diferente valoração social dos diversos trabalhos.

Equipe multiprofissional

As referências à equipe de trabalho em saúde são comumente feitas com a denominação equipe multiprofissional e raramente com o termo interdisciplinar.

  • Preste muita atenção neste parágrafo, pois certamente, será cobrado nesse Concurso EBSERH.

De fato, o prefixo multi traduz a justaposição de trabalhos realizados por um agregado de agentes de diferentes qualificações técnicas, ao passo que o prefixo inter diz respeito a uma conexão e integração que considera cada um dos trabalhos com seus respectivos aportes práticos e teóricos. Não se trata apenas de diferentes designações, mas das reais possibilidades de cooperação e coordenação do trabalho coletivo.

Observe que, a construção da interdisciplinaridade tem sido um processo contínuo e crescente no setor da saúde, dada a necessidade de superação da fragmentação do conhecimento humano, na busca de uma visão globalizada que dê conta da complexa dimensão do processo saúde/doença.

Assim, o campo da saúde coletiva exige uma formação transdisciplinar frente às múltiplas determinações do processo saúde/doença/cuidado. Para maior elucidação, vale conceituar. 

Interdisciplinaridade:

Busca da superação das fronteiras disciplinares por meio do estabelecimento de uma linguagem interdisciplinar consensualmente construída entre os cientistas.

Observa-se troca entre as disciplinas com integração de instrumentos, métodos e esquemas conceituais. 

Transdisciplinaridade:

Indica uma integração das disciplinas de um campo particular para uma premissa geral compartilhada; estruturadas em sistemas de vários níveis e com objetivos diversificados em que há tendência de horizontalização das relações interdisciplinares. 

Ação Comunicativa

Dessa forma, a interação refere-se a uma ação comunicativa, ou seja, quando os atores harmonizam seus planos de ação e são guiados por normas de vigência obrigatória, ou por meio da negociação sobre a situação ou consequências esperadas. 

Nas relações orientadas para o entendimento mútuo, o ser humano é visto como pessoa capaz de estabelecer relações e cujo modo de agir está orientado para a comunicação, portanto a interação e participação, tendo como principal motivação a solidariedade e o sentido comunitário. 

A forma como as pessoas vivem seus problemas no interior dos serviços implica o estabelecimento de canais de interação.

Então, para o desenvolvimento de ações de saúde na perspectiva da integralidade, faz-se necessária uma aproximação integral entre os sujeitos que prestam o cuidado.

Estabelecer uma prática comunicativa como estratégia para o enfrentamento dos conflitos significa romper com velhas estruturas hierarquizadas, tão presentes no modelo de saúde hegemônico.

Os profissionais de saúde desenvolvem o trabalho com relativa autonomia, mas com subordinação ao fazer do médico, ao contrário do que acontece na ESF, em que as relações de poder se enfraquecem quando se prioriza a escuta.

A ação comunicativa é contrária a qualquer tipo de repressão dos direitos à liberdade do sujeito.

Certamente, torna-se essencial que os profissionais se relacionem em um ambiente livre de coações, para que se comuniquem, estabelecendo interação.

Portanto, isso possibilita a construção de um novo modelo de saúde. 

“Projeto Assistencial Comum”

A interação dos agentes permite a construção de um “projeto assistencial comum” à equipe de trabalho – onde e como chegar no que se refere às necessidades de saúde dos usuários.

O trabalho em equipe é o trabalho que se compartilha, negociando-se as distintas necessidades de decisões técnicas, uma vez que seus saberes operantes particulares levam a bases distintas de julgamentos e tomadas de decisão quanto à assistência e cuidados a prestar. 

A complementaridade e interdependência entre os trabalhos especializados que compõem a equipe de saúde estão frequentemente em tensão com a autonomia técnica que os profissionais buscam ampliar.

Tem sido relatado que, apesar de as interconsultas, é comum que decisões sejam tomadas sem discussão ou sem consideração ao parecer dos outros membros, o que nos leva a problematizar esses procedimentos na perspectiva das relações de poder no interior das equipes.  Em tempos de individualidades estimuladas, a tarefa da integração é desafiadora, já que requer rompimentos, enfrentamentos, criação, opção, ação nas macro, intermediária e micro dimensões. Avanços nesse campo fazem parte da arena de construção de um novo modelo de produção da saúde, em face da lógica e condições do processo de trabalho em que se inserem.

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